Saudade é um parafuso;
Que quando uma rosca cai;
Só entra se for torcendo;
Porque batendo não vai;
Depois que enferruja dentro;
Nem distorcendo não sai;
Se quiser plantar saudade;
Escalde bem a semente;
Plante num lugar bem seco;
Onde o sol seja bem quente;
Pois se plantar no molhado;
Quando crescer mata a gente;
Saudade mata é verdade;
Mas dessa morte eu me esquivo;
Como morrer de saudade;
Se é de saudade que eu vivo.
Poeta Antonio Pereira (Paraibano, carpinteiro, analfabeto)